AMIGA SOLANGE
No dia 21 de Fevereiro se apagou uma forte luz na nossa cidade, a nossa amiga Sola saiu de cena sem avisar. A morte não é nada mais que um acidente desprezível que as vezes muda todos os nossos sonhos e os nossos planos da semana que vem. Naquele dia você tinha uma missão simples que era procurar a tua filha, sobrinha e a tua irmã Rita na festa de carnaval, você nunca chegou porque de repente a morte te pegou de surpresa no final da tarde no portão da tua casa por causa do destino cruel e imprevisível. Parece que você saiu do palco da vida sem se despedir de ninguém, o destino não permitiu, as tuas roupas ficaram tudo no guarda-roupa esperando a tua volta, assim como todos nós esperávamos pelo teu sorriso.
AMIGA SOLANGE II
Uma pena que ninguém podia te ajudar naquela hora, não temos poder sobre a vida nem a morte porque são leis naturais e a revolta faz muito mal, por isso tentamos aceitar o irremediável. A morte é somente mudar de um estado para outro porque depois continuamos vivendo de outra maneira numa dimensão diferente. A separação do mundo sensível faz sofrer todo mundo incluindo parentes e amigos, por isso quando a saudade aperta naqueles momentos amargos e tristes é bom visualizar imaginariamente o rosto dessa pessoa querida e iluminada que se foi na sua materialidade e tentar encontrá-la num abraço forte e dizer tudo o que o coração sente através da alma que penetra lugares impossíveis.
AMIGA SOLANGE III
Sinto muito orgulho em chamar você de minha irmã porque a mamãe Terezinha sempre me chamou do filho adotivo importado e porque os teus irmãos também são meus irmãos. Quantos carnavais e festivais nós animamos juntos com o grupo Oásis, não é Sola? Eu nunca me esqueço daquela tarde linda de inverno quando você apareceu num palco de festival em Cantagalo com um lindo vestido amarelo e ganhou o primeiro lugar com a música Coração do Agreste. A morte é um segundo eterno que não permite outra chance e nenhuma explicação. Naquela tarde chuvosa de Fevereiro, quando teus amigos e familiares davam o último adeus, o sol brilhou forte de repente, talvez imitando a tua alegria transformada num sorriso. Sentirei saudades eternas daquela grande amiga que sempre me chamava carinhosamente de “Grande Vitor”.
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