Nem bem nos cumprimentamos e já comentamos ou indagamos sobre a mais recente tragédia que ocorreu entre nós. Por que gostamos tanto de notícias ruins? Com que propósitos ficaram a comentar sobre fatos tão negativos e vergonhosos que ocorrem com o próximo? Morre acidentado o..., assinaram vários que..., desabou uma estrutura e matou..., foram descobertas fraudes nos departamentos de..., pego o maior chefe de uma quadrilha de falsificadores de..., ficaram várias vítimas de..., está sendo considerado o maior desastre..., o local é considerado o mais perigoso..., tragédia no mundo do... São incontáveis as informações que recebemos de notícias negativas e angustiantes. No entanto por algumas razões gostamos de ouvi-las e multiplicá-las.
Como nossas mentes se alimentam de tantas informações trágicas que parecem até prazerosas? O mundo das notícias vive “atolado” em sangue e tragédia. Gostamos de ouvir que algo não deu certo e parece até que torcemos para que alguém quebre a cara. O mal parece que nunca foi tão divulgado. Já se marcou tantas datas para o fim dos tempos!
O medo do fim parece nos rondar, mas ficamos a deleitar consequências ruins que ocorrem com nossos semelhantes. Somos mesmos sensíveis aos sofrimentos alheios? Ou gostamos de ver “o circo pegar fogo”. O mundo do mal se propaga entre nós, pois somos os veículos de divulgação. Canais de TVs ao vivo não perdem um detalhe de uma desgraça que acontece com um de nós. O pior é que assistimos de camarote e ainda fazemos questão de comentar. Qualquer notícia de algo deu errado é assunto em pauta nos momentos de conversações. As notícias agradáveis são sufocadas pelas trágicas.
Até nossas canções de sucesso, anunciam perdas ou conflitos dos sentimentos. Os filmes e romances seguem o mesmo ritual. Até mesmo o ápice da vinda do messias para salvar o mundo, culmina com a trágica e revoltante crucificação. Quem fica sendo lembrado e anunciado é quem sofreu massacres ou punições severas. Parece sermos mais lembrados por erros que pelos acertos.
Encontramos com muita facilidade o erro no semelhante. Fica quase impossível guardar um segredo se isso se trata de algo danoso. Qual será o propósito em se prender à divulgação do mal? Gostamos do mal ou do bem? Acautelai-vos, pois, de queixar-vos inutilmente, evitai que vossa língua se entregue à crítica, porque até mesmo uma palavra secreta não ficará sem castigo, e a boca que acusa com injustiça arrasta a alma à morte. (SABEDORIA 1, 11).
A divulgação do mal é gratuita e rápida, no entanto as notícias do bem custam caro e são lentas. Para noticiarmos uma alegria ou uma novidade, temos que comprar a matéria nos jornais. O custo de um anúncio em horário nobre na TV é uma fortuna e, durante a programação, ficamos ao vivo divulgando e assistindo gratuitamente a desgraça dos nossos irmãos. Uma boa palavra multiplica os amigos e apazigua os inimigos; a linguagem elegante do homem virtuoso é uma opulência. (ECLESIÁSTICO 6,5).
Estamos a postos para compartilharmos o que não queríamos que estivesse acontecendo conosco. Transferimos com precisão o que não deu certo com nossos semelhantes. Poderíamos calar na divulgação de fatos desagradáveis, porém, não o fazemos. Por quê? Não temos que culpar os outros ou a mídia pela divulgação dos atos negativos, isso é reflexo dos nossos desejos e comportamentos. Se em todas as notícias ruins desligassem os aparelhos de TVs, não teriam audiência e perderiam o interesse por tais práticas. O desejo da divulgação do mal parece partir de nosso interior, da vontade inconsciente de saber do que não deu certo.
Sinto-me parte de tudo isso e não possuo uma boa explicação. Motivo pelo qual convido a todos a compreender tais conflitos, uma vez que não sou capaz de sozinho responder estas questões. "O único homem que nunca comete erros é aquele que nunca faz coisa alguma. Não tenha medo de errar, pois você aprenderá a não cometer duas vezes o mesmo erro." (Franklin D. Roosevelt)
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