domingo, 24 de julho de 2011

Medo: No PR, 70% têm mais medo do que há 5 anos.

O paranaense acredita que a violência está mais perto: sete em cada dez pessoas se sentem menos seguras hoje do que há cinco anos. É o que mostra uma consulta realizada pelo Instituto Paraná Pesquisas em todas as regiões do estado. E a sensação de perigo é respaldada nas estatísticas que apontam, ano após ano, que todos os índices de criminalidade estão em tendência de alta no estado.

Pesquisa marca início de campanha
A divulgação da pesquisa sobre a percepção de insegurança inaugura a cobertura jornalística da campanha “Paz sem voz é medo”, do Grupo Paranaense de Comunicação (GRPCom), que começa oficialmente neste fim de semana. Para saber o que mais está preocupando a população, o Instituto Paraná Pesquisa consultou 1.505 paranaenses – da capital, de municípios da região metropolitana de Curitiba (RMC) e do interior do estado. As entrevistas foram feitas em 70 municípios, entre os dias 8 e 15 de julho, com margem de erro de 2,5%.
Murilo Hidalgo, diretor do Instituto Paraná Pesquisas, parceiro do GRPCom na campanha, conta que o levantamento revelou que as pessoas estão conectadas com os problemas que as cercam. “Segurança pública é uma preocupação nas pequenas e nas grandes cidades”. Para ele, o que mais chamou a atenção foi a associação entre violência e drogas, citada por um número considerável de entrevistados. “Espero que daqui a um tempo, quando a gente voltar a consultar a população, a sensação de medo seja menor e o número de pessoas que sofreram violência também tenha caído”, pondera. (KB)
Temor distorce percepção
A comerciante Zanete Di Domenico sabe que o medo distorce a percepção. Depois de ter sido assaltada por um homem que usava boné, sentiu o corpo gelar quando um vendedor usando boné entrou no restaurante que administra com a família, no bairro Juvevê. Foram dois assaltos a mão armada, um há dez anos e outro há seis meses. A família também passou por várias tentativas de roubo do carro e por um roubo na rua. “Agora vivo em alerta”, diz Zanete, que buscou ajuda psicológica. “Os medos invadem até o sonho”, confessa.
O advogado criminalista Carlos Al­­berto Martins da Silva sabe bem qual é a diferença de alternar a sensação de insegurança e de liberdade. Em Curitiba, mora em uma ca­­sa em condomínio fechado no Ba­­tel, com guarita e vigilância, e só cir­­cula em carro blindado. Nos Es­­-tados Unidos, onde passa alguns pe­­­­ríodos por ano, fica em uma ca­­sa sem muros e não usa blindagem nos veículos. “Em Curitiba, tenho pos­­­turas defensivas que não tenho fora”, diz ele, que deixa o carro sempre em estacionamento e faz compras pelo telefone.
Vivemos um momento delicado. As estatísticas mostram uma sociedade diferente daquela com que sonhamos. Diariamente, somos impactados pela agressividade no trânsito, pelo avanço das drogas, homicídios e tantas outras formas de violência que passaram a fazer parte de uma rotina que não deveríamos aceitar.
Diante disso, o GRPCOM, por meio de seus veículos, Gazeta do Povo, Jornal de Londrina, Gazeta Maringá, RPC TV, ÓTV, Rádios 98FM e Mundo Livre FM, lança uma campanha e convida todos os paranaenses para uma reflexão sobre o tema.
Mesmo sem ter passado por nenhuma situação de violência nos últimos cinco anos, a executiva Carla Werner acredita que o Paraná está menos seguro neste período. E o motivo é simples: nada aconteceu com ela, mas pessoas que ela conhece passaram por situações traumáticas. São relatos que reforçam a sensação coletiva de insegurança.
Carla acredita que só não foi mais uma vítima recente da violência porque tomou algumas atitudes que a deixaram um pouco mais protegida. Mesmo tendo investido dinheiro e sonhos na construção de uma casa no bairro Santa Quitéria, acabou se mudando para um apartamento no Água Verde. A motivação foi uma tentativa de assalto, há cinco anos. Antes disso, já tinha sido abordada cinco vezes enquanto dirigia. Passou a evitar sair à noite e só circula com os vidros do carro fechados. “Eu fiquei muito mais alerta”, conta. “A verdade é que a pessoa fica presa, tem muito menos liberdade. Não pode mais ir ao lugar que quiser, no horário que quiser”, diz.
A executiva busca trabalhar mais em casa e não deixa a filha, de 15 anos, ir sozinha a lugar algum. Quando alguém se aproxima do carro, ela já fica apavorada. “Às vezes é um trabalhador, mas eu acho que todo mundo é ladrão”, conta. Depois dos traumas, vê mais maldade do que bondade nas pessoas. “A vida era muito mais bonita do que é hoje”, lamenta.

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