CRISTIANE SEGATTO
Depois do cérebro, o fígado pode ser considerado o órgão mais complexo do corpo humano. Está envolvido em funções nobres como produção de proteínas, estocagem de energia e funcionamento do sistema imune. Nas filas de transplante, é mais disputado que o coração ou os rins. Não existe remédio capaz de reavivar as funções de um fígado que entrou em falência. O problema é gravíssimo, mas pode ser evitado. É o que vai mostrar o médico Drauzio Varella na série sobre hepatites que estreia no programa Fantástico, da TV Globo, no dia 17.
“As hepatites são doenças negligenciadas”, diz Varella. “Ninguém ouve falar sobre elas. Parece que não têm charme.” A principal causa de agressão ao fígado são os vírus. Entre 1,5 milhão e 4 milhões de brasileiros são portadores crônicos dos vírus da hepatite B, C ou D. A maioria nem desconfia. O vírus B é 100 vezes mais contagioso que o da aids. É transmissível sexualmente, pelo contato com material perfurante infectado ou de mãe para filho, durante a gestação ou o parto. No entanto, a população foi condicionada a temer apenas o HIV. Pode ser um erro fatal.
Os vírus B e C costumam atacar o fígado durante décadas sem dar nenhum sinal. Eles provocam uma inflamação. A pessoa não sente dor nem percebe nenhuma alteração. Só o descobre 20, 30, 40 anos depois da infecção. Exatamente quando a doença já chegou à fase de cirrose hepática ou câncer.
Felizmente, é possível se proteger. Quatro cuidados importantíssimos: camisinha, agulhas descartáveis, material de manicure esterilizado em autoclaves e imunização. Existe vacina contra os vírus A e B. Os bebês costumam ser vacinados logo depois do nascimento – nas clínicas privadas ou nos postos do SUS (leia o quadro abaixo). Os adultos, porém, estão em risco. A vacina contra o vírus B foi lançada há cerca de 20 anos. Quem não foi vacinado deve fazer o exame de sangue que aponta se teve contato com o vírus. Caso tenha se infectado e eliminado o vírus naturalmente, não precisa da vacina porque já está protegido. Quem não teve contato com o vírus não deve perder a chance de se vacinar.
As doses são vendidas nas clínicas privadas e oferecidas gratuitamente pelo SUS a alguns grupos (profissionais da saúde e do sexo, coletores de lixo, imunossuprimidos etc). No caso da hepatite C, a situação é mais complicada porque não existe vacina. O grande desafio é convencer as pessoas a buscar diagnóstico precoce e, quando necessário, tratamento. Os remédios são oferecidos pelo SUS, mas podem provocar efeitos colaterais (irritabilidade, depressão, insônia, alterações de tireoide etc.). Parte dos pacientes se livra do vírus antes que o fígado esteja irremediavelmente comprometido. Mas nem sempre a cura é possível.
“No Brasil, o maior problema é a falta de acesso ao diagnóstico”, diz Raymundo Paraná, presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia. “São dois erros: os médicos se esquecem de pedir os exames e o Ministério da Saúde não tem políticas públicas para rastrear a doença”, afirma. Se você tem um fígado saudável, parabéns. Continue cuidando muito bem dele.
“As hepatites são doenças negligenciadas”, diz Varella. “Ninguém ouve falar sobre elas. Parece que não têm charme.” A principal causa de agressão ao fígado são os vírus. Entre 1,5 milhão e 4 milhões de brasileiros são portadores crônicos dos vírus da hepatite B, C ou D. A maioria nem desconfia. O vírus B é 100 vezes mais contagioso que o da aids. É transmissível sexualmente, pelo contato com material perfurante infectado ou de mãe para filho, durante a gestação ou o parto. No entanto, a população foi condicionada a temer apenas o HIV. Pode ser um erro fatal.
Os vírus B e C costumam atacar o fígado durante décadas sem dar nenhum sinal. Eles provocam uma inflamação. A pessoa não sente dor nem percebe nenhuma alteração. Só o descobre 20, 30, 40 anos depois da infecção. Exatamente quando a doença já chegou à fase de cirrose hepática ou câncer.
Felizmente, é possível se proteger. Quatro cuidados importantíssimos: camisinha, agulhas descartáveis, material de manicure esterilizado em autoclaves e imunização. Existe vacina contra os vírus A e B. Os bebês costumam ser vacinados logo depois do nascimento – nas clínicas privadas ou nos postos do SUS (leia o quadro abaixo). Os adultos, porém, estão em risco. A vacina contra o vírus B foi lançada há cerca de 20 anos. Quem não foi vacinado deve fazer o exame de sangue que aponta se teve contato com o vírus. Caso tenha se infectado e eliminado o vírus naturalmente, não precisa da vacina porque já está protegido. Quem não teve contato com o vírus não deve perder a chance de se vacinar.
As doses são vendidas nas clínicas privadas e oferecidas gratuitamente pelo SUS a alguns grupos (profissionais da saúde e do sexo, coletores de lixo, imunossuprimidos etc). No caso da hepatite C, a situação é mais complicada porque não existe vacina. O grande desafio é convencer as pessoas a buscar diagnóstico precoce e, quando necessário, tratamento. Os remédios são oferecidos pelo SUS, mas podem provocar efeitos colaterais (irritabilidade, depressão, insônia, alterações de tireoide etc.). Parte dos pacientes se livra do vírus antes que o fígado esteja irremediavelmente comprometido. Mas nem sempre a cura é possível.
“No Brasil, o maior problema é a falta de acesso ao diagnóstico”, diz Raymundo Paraná, presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia. “São dois erros: os médicos se esquecem de pedir os exames e o Ministério da Saúde não tem políticas públicas para rastrear a doença”, afirma. Se você tem um fígado saudável, parabéns. Continue cuidando muito bem dele.
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