Foto: Getty Images
Angela Joenck Pinto
Se você ficou nervoso com a notícia do estudo da OMS que possivelmente ligava celulares ao câncer cerebral, pode se acalmar. O telefone móvel esta em uma classificação internacional na mesma categoria de outros elementos como o café e até mesmo a televisão - eles são suspeitos de causar problemas, mas nada que seja comprovado.
"A classificação provém dos níveis utilizados na análise de trabalhos científicos da 'Medicina Baseada em Evidências', cujas categorias são de I a V", explica o chefe do serviço de oncologia clínica do Hospital Santa Casa de Porto Alegre, Rodolfo Coutinho Radke.
O médico explica que estudo indica que o celular está na categoria II-B. O primeiro dígito, afirma Radke, tem relação com as evidências descobertas, sendo o nível I o de maior grau e o nível IV, de menor. O segundo dígito determina a recomendação para a conduta que os médicos devem seguir. Na categoria B, apesar de as evidências serem geralmente consistentes, o poder resolutivo é baixo, ou seja, não é suficiente para fazer recomendação de conduta aos médicos. Nas categorias C e D as evidências são consideradas inconsistentes cientificamente.
Profissionais da saúde que questionam publicamente a validade do estudo, como o médico britânico Ben Goldacre, apontam alguns dos problemas. O fato de o tipo do câncer em questão ser muito raro - 10 casos em cada 100 mil - afeta o método de pesquisa. Quando se trata de um problema comum, como doenças cardíacas, reúne-se milhares de pessoas que terão analisados fatores tidos como relevantes, tais como fumo, dieta e resultados de testes sanguíneos.
Depois de alguns anos, verifica-se quais delas tiveram a doença. Este método não funciona para tumores deste tipo, pois não serão observados casos suficientes para associar as possíveis causas. Nos casos de tumores raros, é utilizado o estudo de caso-controle retrospectivo, onde pessoas com a doença são investigadas para saber se foram expostas a fatores de risco. "Esses estudos são vulneráveis à fragilidade da própria memoria. Se eu perguntar para alguém que tem um tumor do lado esquerdo da cabeça 'qual o lado que você mais utilizou o celular há dez anos atrás?', ela pode ser levada a responder 'esquerdo'", argumentou Goldacre em um artigo recente publicado no jornal britânico The Guardian.
A exposição é outro fator a ser considerado. Um dos estudos sobre o assunto traz 10 casos que teriam uso diário de mais de 12 horas, algo fora do comum. "A recomendação clássica 'use, mas não abuse' cabe bem como orientação às pessoas. Sabe-se que a radiação eletromagnética de explosões de centrais atômicas origina cânceres no futuro, porém esta radiação é infinitamente maior que a recebida de um aparelho celular. A propósito, a radiação de um wireless, amplamente utilizado no uso de computadores, é também do mesmo gênero, e o tempo de exposição das pessoas é maior que o celular, devendo ser classificado como de risco", diz Rodolfo Coutinho Radke.
"A classificação provém dos níveis utilizados na análise de trabalhos científicos da 'Medicina Baseada em Evidências', cujas categorias são de I a V", explica o chefe do serviço de oncologia clínica do Hospital Santa Casa de Porto Alegre, Rodolfo Coutinho Radke.
O médico explica que estudo indica que o celular está na categoria II-B. O primeiro dígito, afirma Radke, tem relação com as evidências descobertas, sendo o nível I o de maior grau e o nível IV, de menor. O segundo dígito determina a recomendação para a conduta que os médicos devem seguir. Na categoria B, apesar de as evidências serem geralmente consistentes, o poder resolutivo é baixo, ou seja, não é suficiente para fazer recomendação de conduta aos médicos. Nas categorias C e D as evidências são consideradas inconsistentes cientificamente.
Profissionais da saúde que questionam publicamente a validade do estudo, como o médico britânico Ben Goldacre, apontam alguns dos problemas. O fato de o tipo do câncer em questão ser muito raro - 10 casos em cada 100 mil - afeta o método de pesquisa. Quando se trata de um problema comum, como doenças cardíacas, reúne-se milhares de pessoas que terão analisados fatores tidos como relevantes, tais como fumo, dieta e resultados de testes sanguíneos.
Depois de alguns anos, verifica-se quais delas tiveram a doença. Este método não funciona para tumores deste tipo, pois não serão observados casos suficientes para associar as possíveis causas. Nos casos de tumores raros, é utilizado o estudo de caso-controle retrospectivo, onde pessoas com a doença são investigadas para saber se foram expostas a fatores de risco. "Esses estudos são vulneráveis à fragilidade da própria memoria. Se eu perguntar para alguém que tem um tumor do lado esquerdo da cabeça 'qual o lado que você mais utilizou o celular há dez anos atrás?', ela pode ser levada a responder 'esquerdo'", argumentou Goldacre em um artigo recente publicado no jornal britânico The Guardian.
A exposição é outro fator a ser considerado. Um dos estudos sobre o assunto traz 10 casos que teriam uso diário de mais de 12 horas, algo fora do comum. "A recomendação clássica 'use, mas não abuse' cabe bem como orientação às pessoas. Sabe-se que a radiação eletromagnética de explosões de centrais atômicas origina cânceres no futuro, porém esta radiação é infinitamente maior que a recebida de um aparelho celular. A propósito, a radiação de um wireless, amplamente utilizado no uso de computadores, é também do mesmo gênero, e o tempo de exposição das pessoas é maior que o celular, devendo ser classificado como de risco", diz Rodolfo Coutinho Radke.
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